A solidão pode ser uma experiência complexa e profundamente pessoal, e não existe uma maneira certa ou errada de vivenciá-la. Não é a mesma coisa que simplesmente estar sozinho. Você pode se sentir perfeitamente satisfeito sem muito contato com outras pessoas, enquanto alguém em situação semelhante pode se sentir isolado.
Refletindo sobre minha jornada, vivi isso em primeira mão durante minha licença-maternidade. Ter minha primeira filha foi um dos momentos mais felizes da minha vida, mas me deparei com momentos inesperados de solidão. Eu estava emocionada por ser mãe, mas às vezes me sentia isolada, especialmente quando não tinha outros adultos por perto para compartilhar esses momentos preciosos, mas desafiadores.
Quando meu marido voltou a trabalhar e minha mãe, que tinha vindo do Brasil para me ajudar por três meses, voltou para casa, fiquei sozinha a maior parte do dia com minha filha. Minha irmã, minha única família por perto, trabalhava em tempo integral, e a maioria dos meus amigos não tinham filhos. Eu levava minha filha para grupos de recreações, parques e aulas de música para bebê. Mesmo assim, apesar de estar perto de outros pais e cuidadores, achei difícil criar conexões reais.


Abrindo meu coração sobre a solidão
Me lembro claramente de uma noite em que compartilhei meus sentimentos com meu marido. Disse a ele que sempre me considerei amigável e capaz de fazer amigos com facilidade, mas, naquele momento, sentia que ninguém queria ser meu amigo. Sentia falta de ter alguém para conversar durante o dia, passear enquanto nossos bebês dormiam ou tomar um café juntos.
Nesses momentos de solidão, minha mãe se tornou meu porto seguro. Mesmo a milhares de quilômetros de distância, ela sempre esteve presente para mim. Naquela época, não havia FaceTime, o bom e velho Skype era o nosso elo. Eu passava pelo menos uma hora por dia conversando com ela. Essa ligação diária virou parte da minha rotina, trazendo conforto e um senso de continuidade em meio ao novo. Conforme minha filha foi crescendo e começou a falar, ela também entrou nessas chamadas: tomava chá (de mentirinha) e brincava de boneca com a vovó, mesmo que fosse tudo virtual. Eram momentos simples, mas profundamente especiais. Eles aqueciam nossos dias e faziam a distância parecer um pouco menor.
Maneiras de lidar com a solidão
Olhando para trás, me sinto sortuda por ter tido o apoio da minha mãe. Sei que nem todo mundo tem esse tipo de conexão, e é por isso que é tão importante encontrar maneiras de lidar com a solidão. Se você se sente isolada durante a licença-maternidade ou em qualquer momento da vida, aqui estão algumas dicas da instituição de caridade de saúde mental MIND que podem ajudar:
- Sinta-se confortável na sua própria companhia: Tente aproveitar esses momentos sozinho. Adote um hobby ou encontre algo que você ame e que lhe traga paz.
- Converse com pessoas que você conhece: Compartilhar seus sentimentos com familiares ou amigos pode ajudar muito. Conversas regulares podem fazer uma grande diferença, mesmo que eles não estejam por perto.
- Sem pressa: Fazer novos amigos ou conexões não acontece da noite para o dia. Deixe acontecer naturalmente, sem se pressionar demais.
- Conheça novas pessoas: Participe de grupos locais de bebês ou comunidades online. Mesmo pequenas interações podem se transformar em amizades com o tempo.
- Não se compare aos outros: As redes sociais só mostram o melhor da vida das pessoas. Cada um tem o seu próprio caminho, então concentre-se no que for melhor para você.
- Cuide-se: Reserve um tempo para descansar, comer bem e fazer coisas que lhe tragam alegria. O autocuidado é essencial.
- Considere fazer terapia: Às vezes, um profissional pode lhe dar as ferramentas para lidar com a solidão e se sentir melhor.
Lembre-se: o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Se algo não fizer sentido agora, experimente outra abordagem ou retome mais tarde. Seja gentil consigo mesma. Vá no seu ritmo. Passo a passo, com carinho.
Se você está com dificuldade para lidar com a solidão e nada parece ajudar, converse com seu médico ou profissional de saúde. Não há vergonha em pedir ajuda.